Síntese do artigo
O Novo Consenso Internacional sobre Bruxismo (2025) trouxe mudanças significativas que todo dentista precisa conhecer: o bruxismo deixou de ser considerado um distúrbio e passou a ser classificado como um comportamento motor, com potenciais impactos de risco e proteção. Também, o sistema de diagnóstico foi atualizado e reforçou a importância de uma abordagem multidisciplinar e individualizada.
Entender essas atualizações não só aprimora o cuidado clínico, mas também fortalece a confiança e fidelização de pacientes na odontologia.
Continue a leitura e entenda melhor.
Introdução
O bruxismo é um comportamento cada vez mais observado nos consultórios odontológicos, com impactos que vão muito além do desgaste dentário. Por muitos anos, o bruxismo foi considerado apenas uma parafunção prejudicial.
Mas, sua compreensão científica evoluiu e a atualização mais recente, publicada em 2025 pelo Consenso Internacional sobre Bruxismo, trouxe mudanças importantes. E hoje, é essencial que cirurgiões-dentistas estejam alinhados com essas novas atualizações.
Compreender o bruxismo de maneira atualizada não apenas aprimora a qualidade do atendimento clínico, mas também possibilita a aplicação de estratégias terapêuticas aprimoradas, contribuindo para oportunidades de fidelização e fortalecendo a prática odontológica.
Neste artigo, você encontrará o que todo dentista precisa saber sobre o bruxismo, e como você pode atender e abordar seus pacientes da melhor maneira.
Boa leitura!
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Quais as principais atualizações do Consenso Internacional sobre Bruxismo em 2025?
A principal atualização do Consenso Internacional sobre Bruxismo (2025) consistiu na revisão conceitual do bruxismo.
De acordo com o referido consenso, o bruxismo passou a ser caracterizado como um comportamento motor, que pode ser um fator de risco, um fator de proteção ou um fator neutro. Por ser um comportamento, o bruxismo deixou de ser classificado como um distúrbio.
Esta alteração conceitual elimina a interpretação automaticamente patologizante, reconhecendo que o bruxismo pode manifestar-se em diferentes contextos sistêmicos, com potenciais efeitos adversos ou, em determinadas situações, protetores.
Outro ponto essencial, foi a remoção da especificação “em indivíduos saudáveis”, pois esta expressão poderia ser interpretada equivocadamente.
Contanto, as definições de bruxismo do sono e bruxismo em vigília foram mantidas:
- Bruxismo do sono: é uma atividade muscular mastigatória realizada durante o sono, sendo caracterizada como rítmica (fásica) ou não rítmica (tônica), não é considerada um distúrbio do movimento ou do sono.
- Bruxismo em vigília: é uma atividade muscular mastigatória durante a vigília caracterizada pelo contato repetitivo ou sustentado dos dentes e/ou movimento da mandíbula, não é considerada um distúrbio do movimento.
Impactos clínicos do bruxismo
Os impactos clínicos do bruxismo vão além do desgaste dental. Entre seus principais impactos na saúde do paciente, estão:
- Fraturas de restaurações e dentes.
- Impressões na língua.
- Dores musculares, disfunções temporomandibulares e cefaleias.
- Comprometimento da função mastigatória.
- Interferência na qualidade do sono.
Por isso, a abordagem precoce e adequada são essenciais para prevenir impactos maiores. O acompanhamento odontológico, associado a estratégias de controle, ajuda a minimizar os impactos do bruxismo, proporcionando maior qualidade de vida ao paciente.
Também, esses impactos evidenciam a necessidade de estratégias terapêuticas individualizadas, com uma abordagem baseada em evidências.
Sistema de classificação atualizado
Uma das principais mudanças com o novo Consenso Internacional sobre Bruxismo de 2025, são os sistemas de classificação utilizados para denominar as ferramentas de avaliação utilizadas, substituindo a antiga categorização em possível, provável ou definitivo.
Agora, o diagnóstico para bruxismo considera três níveis:
- 1. Autorrelato: por meio de questionários e entrevistas com o paciente.
- 2. Exame clínico: baseado em achados objetivos, como desgaste dentário, impressões na língua, fraturas de dentes e restaurações, aumento da mobilidade dentária, dores nos músculos mastigatórios, cefaleia tensionais e disfunções temporomandibulares.
- 3. Avaliação instrumental: utilizando métodos de alta precisão, como polissonografia (padrão-ouro para bruxismo do sono) e eletromiografia, permitindo maior precisão e aplicabilidade na prática clínica.
O bruxismo é multifatorial, com fatores de risco que envolvem uma interação complexa entre fatores centrais, psicossociais, comportamentais e fisiológicos.
A compreensão dessa interação complexa evidencia a necessidade de uma abordagem individualizada.
Controle e manejo clínico do bruxismo
A compreensão do bruxismo exige uma abordagem cautelosa, com estratégias minimamente invasivas e centradas no paciente.
Muitas vezes, é necessário:
- Orientar mudanças de hábitos.
- Incentivar estratégias de autocuidado.
- Priorizar a condução do caso com uma abordagem direcionada ao paciente, com a atuação de cirurgiões-dentistas especialistas em disfunções temporomandibulares, dor orofacial e, quando necessário, a integração de psiquiatras, psicólogos, fisioterapeutas e médicos do sono.
Intervenções comportamentais
- Orientações: higiene do sono, técnicas de relaxamento e restrição do consumo de substâncias estimulantes, como álcool, cafeína e nicotina, no período que antecede o sono.
- Biofeedback: técnica que auxilia o paciente a perceber sinais do próprio corpo e a treinar sua consciência para controlar hábitos involuntários.
- Aplicativos: ferramentas que ajudam o paciente a perceber e reduzir o apertamento dos dentes durante o dia, aumentando a autoconsciência.
- Fisioterapia: melhora a função muscular, reduz a tensão e alivia a dor associada ao bruxismo.
Intervenções odontológicas
Placa Interoclusal: recurso eficaz no manejo dos efeitos do bruxismo do sono, protegendo os dentes do desgaste e aliviando a sobrecarga muscular e da articulação temporomandibular. No entanto, nem todos os pacientes são candidatos adequados, sua indicação deve ser feita com cautela, considerando possíveis contraindicações.
É importante ressaltar que a placa não elimina o bruxismo, mas atua no controle das consequências do comportamento.
Sobre o uso da toxina botulínica no controle do bruxismo
Conforme a Declaração Oficial, a SBDOF sugere que, em relação à utilização de toxina botulínica no tratamento do bruxismo, até a presente data, a toxina botulínica não deve ser recomendada para o controle do bruxismo, e não há evidência ainda de que substitua os dispositivos interoclusais na proteção dos tecidos dentários e/ou trabalhos reabilitadores (SBDOF, 2024).
Segundo a literatura, a toxina botulínica pode provocar atrofia muscular neurogênica como consequência do desuso das fibras e, estudos em animais e humanos demonstraram a possibilidade de quadros de osteopenia da cabeça da mandíbula pelo desequilíbrio na homeostase do metabolismo ósseo. Ressalte-se que o impacto clínico destes efeitos não está completamente estabelecido.
A literatura atual demonstra, portanto, que o uso da toxina botulínica para controle de bruxismo do sono não dispensa o uso dos dispositivos interoclusais nem da terapia cognitivo comportamental para o bruxismo em vigília, e ainda há a possibilidade de trazer desdobramentos biológicos indesejáveis.
Conclusão
Compreender o bruxismo vai muito além da aplicação de protocolos clínicos, é compreender o paciente em sua totalidade. O manejo eficaz exige uma abordagem integrativa, baseada em evidências científicas atualizadas, aliada à sensibilidade clínica, escuta qualificada e ao trabalho multidisciplinar.
Ao assumir um papel ativo na educação e no acompanhamento, o cirurgião-dentista fortalece o atendimento humanizado, promovendo a qualidade de vida e o bem-estar do indivíduo.
Um atendimento humanizado começa com atenção aos detalhes e organização da rotina clínica. E com o Clinicorp, focar no que realmente importa fica muito mais fácil: escutar, compreender e cuidar do seu paciente. Com ele, o controle de agendamentos, tratamentos e acompanhamentos fica mais simples e seguro, permitindo que cada consulta seja acolhedora e eficiente.
O que aprendemos com este artigo?
Nesta seção, discorreremos sobre o tema deste artigo por meio de perguntas e respostas objetivas, a fim de solucionar dúvidas sobre o tema de maneira prática e rápida.
Não. O bruxismo agora é classificado como um comportamento motor, não como distúrbio.
Fraturas dentárias, dores musculares, cefaleias, disfunções e desgaste mental.
O diagnóstico pode ser feito por autorrelato (envolvendo entrevistas e questionários com o paciente), exame clínico e, quando necessário, avaliação instrumental.
Com estratégias individualizadas, minimamente invasivas e abordagem multidisciplinar.
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Dessa forma, tratar pacientes com bruxismo fica muito mais fácil, com um sistema de gestão que te apoia em todas as frentes do seu consultório odontológico: desde a recepção até o financeiro.
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