Dor orofacial: como o dentista pode identificar, orientar e atuar com seus pacientes

Olivia Gravina
julho 1, 2025
Tempo de leitura: 12 minutos
Atendimento ao Paciente
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Dor orofacial: imagem ilustrada de pacientes com dores na região da face.
A dor orofacial pode ter origens musculares, articulares, neuropáticas ou até psicogênicas.

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Muitos pacientes chegam no consultório se queixando de dores que vão além da área dental: são as chamadas dores orofaciais. A dor orofacial é uma condição que abrange dores na face, boca e estruturas relacionadas, como músculos mastigatórios, articulação temporomandibular (ATM) e nervos cranianos. Essa dor pode ter origens diversas, incluindo causas musculares, articulares, entre outras, tornando o diagnóstico e tratamento um desafio.

Neste artigo, vamos mostrar os principais aspectos relacionados à dor orofacial, incluindo sua definição, diferenciação entre dor orofacial e dor de origem exclusivamente dentária, relação com Disfunção Temporomandibular (DTM) e outras condições clínicas.

Vamos mostrar também os sinais de alerta que o dentista deve observar, e o papel da gestão clínica na abordagem de pacientes com a dor orofacial.

Boa leitura!

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O que é dor orofacial?

Esse tipo de dor é aquela percebida na região da face, boca ou estruturas relacionadas, incluindo músculos mastigatórios, articulações temporomandibulares, ossos faciais, glândulas salivares e nervos cranianos. 

No contexto odontológico, essa definição vai além das causas dentárias, abrangendo outras condições clínicas que exigem uma abordagem diagnóstica mais ampla por parte do cirurgião-dentista.

Diferentemente da dor de origem exclusivamente dentária, como aquelas causadas por cáries, fraturas ou infecções pulpares, a dor orofacial pode ter origens musculares, articulares, neuropáticas ou até psicogênicas. 

Isso significa que, muitas vezes, o desconforto relatado pelo paciente não está relacionado diretamente à integridade dos dentes, mas sim a outras estruturas que compõem o sistema estomatognático.

Um dos principais exemplos é a relação da dor orofacial com a Disfunção Temporomandibular (DTM). Ela compreende alterações funcionais na ATM (articulação temporomandibular) e nos músculos da mastigação, sendo uma causa frequente de dor crônica na face. Além disso, condições como neuralgias (especialmente do nervo trigêmeo), cefaleias cervicogênicas e bruxismo também estão fortemente associadas ao quadro de dor orofacial.

Causas e principais tipos de dor orofacial

Esse tipo de dor pode ter várias origens, e compreender suas causas é essencial para o diagnóstico diferencial preciso e a escolha do tratamento adequado. Para o cirurgião-dentista, conhecer a classificação dos diferentes tipos contribui diretamente para uma abordagem clínica mais assertiva.

Classificação das dores orofaciais

A dor orofacial pode ser classificada de acordo com a sua origem. Cada tipo possui características clínicas específicas, que auxiliam na sua identificação:

  • Musculoesquelética: envolve estruturas como músculos da mastigação e articulação temporomandibular. Exemplos comuns são a Disfunção Temporomandibular (DTM) e o bruxismo. Os sintomas incluem dor ao mastigar, fadiga muscular e estalos articulares.
  • Neuropática: resulta de lesões ou disfunções nos nervos periféricos ou centrais. A neuralgia do trigêmeo é um exemplo clássico, caracterizada por dor súbita, intensa e em choque elétrico, geralmente unilateral, afetando áreas como lábios, bochechas ou mandíbula.
  • Vascular: está relacionada a alterações nos vasos sanguíneos. A cefaleia em salvas, por exemplo, pode irradiar para a região orofacial, sendo confundida com dor odontológica. É uma dor intensa, unilateral, que pode estar acompanhada de lacrimejamento e congestão nasal.
  • Psicogênica: embora não esteja diretamente ligada a alterações físicas, é real e debilitante. Fatores emocionais como estresse, ansiedade e depressão podem provocar ou intensificar quadros, muitas vezes difusos e de difícil localização.
  • Odontogênica com manifestação orofacial: trata-se da dor originada em estruturas dentárias ou periodontais, como cáries profundas, fraturas ou infecções, que se manifesta com irradiação para a face, ouvido ou cabeça. Apesar de ter origem dentária, pode ser confundida com outros tipos de dor orofacial.

Fatores contribuintes

Diversos fatores podem agravar ou desencadear episódios de dor orofacial. Entre os principais estão a má oclusão dentária, que compromete o equilíbrio funcional do sistema mastigatório.

Pode-se considerar também os hábitos parafuncionais, como apertamento e ranger dos dentes (bruxismo), morder objetos ou roer unhas, fatores emocionais, como ansiedade e estresse crônico, que aumentam a tensão muscular e a percepção da dor.

Até mesmo os distúrbios do sono podem contribuir com as dores, pois reduzem a capacidade de regeneração neuromuscular e amplificam sintomas dolorosos.

O conhecimento dessas causas permite ao dentista tratar a dor de forma localizada, e também atuar de maneira preventiva, educando o paciente e promovendo o equilíbrio do sistema estomatognático.

Sintomas e sinais de alerta que o dentista deve observar

Reconhecer os sintomas associados à dor orofacial é uma etapa essencial no exercício da profissão do cirurgião-dentista. Muitas vezes, o paciente chega ao consultório com queixas vagas ou inespecíficas, o que exige do profissional uma escuta atenta e uma avaliação criteriosa. 

Entre as queixas mais comuns relacionadas estão a dor durante a mastigação, estalos perceptíveis na articulação temporomandibular, sensação de pressão ao redor da face ou dos ouvidos e dificuldade ou limitação na abertura bucal. 

Muitos pacientes também relatam desconforto ao acordar ou no final do dia, especialmente em casos de bruxismo ou tensão muscular acumulada. Esses sintomas, quando observados em conjunto ou isoladamente, ajudam a compor o quadro clínico da dor.

Outro aspecto importante é saber diferenciar a dor aguda da dor crônica. A dor orofacial aguda geralmente surge de forma repentina, com intensidade elevada e causa identificável, como um trauma ou infecção. 

Já a dor orofacial crônica é persistente, dura mais de três meses e pode apresentar variações de intensidade ao longo do tempo, sendo frequentemente associada a disfunções temporomandibulares, alterações neurológicas ou fatores emocionais. Essa diferenciação é importante, pois influencia diretamente na escolha das condutas clínicas e na necessidade de encaminhamentos multidisciplinares.

A irradiação da dor para outras regiões é outro sinal que merece atenção. É comum que os pacientes relatem que a dor se estende para o pescoço, a região próxima aos ouvidos, a cabeça e, em alguns casos mais complexos, até para os ombros. 

Esses padrões de irradiação podem gerar confusão diagnóstica e conduzir a abordagens inadequadas se não forem corretamente interpretados.

Além dos aspectos físicos, é fundamental considerar o impacto funcional e emocional que a dor pode provocar. A presença constante da dor interfere na alimentação, na fala, na qualidade do sono e na vida social do paciente. 

Durante a avaliação clínica, a anamnese deve ser ampla e detalhada, contemplando: o histórico da dor (início, frequência, intensidade, fatores de melhora e piora), a presença de hábitos parafuncionais, o estado emocional do paciente, a qualidade do sono e eventuais traumas ou tratamentos odontológicos anteriores. 

O exame físico deve incluir palpação da musculatura mastigatória e da articulação temporomandibular, observação de ruídos articulares como estalidos e crepitações, verificação da amplitude de abertura bucal, avaliação de desgastes dentários e sensibilidade em áreas faciais e cervicais.

O papel da gestão clínica na abordagem de pacientes com dor orofacial

Quando se fala neste tipo de dor, é essencial reconhecer que o sucesso do tratamento depende da conduta clínica individual do cirurgião-dentista e da qualidade da gestão clínica odontológica. Um ambiente bem estruturado, com processos organizados e uma equipe capacitada, pode transformar a forma como o paciente vivencia sua dor e como os profissionais conduzem o cuidado.

Capacitar tanto a equipe clínica quanto a administrativa é o primeiro passo para um acolhimento eficaz. Os colaboradores da recepção, por exemplo, devem estar preparados para reconhecer sinais de urgência ou cronicidade, registrar corretamente as queixas iniciais e direcionar o paciente ao profissional mais adequado. 

Já os auxiliares e dentistas precisam estar treinados para lidar com casos de dor orofacial, especialmente aqueles relacionados à DTM, desde o primeiro contato até o acompanhamento contínuo.

A padronização de processos por meio de protocolos clínicos é outro ponto-chave. Estabelecer fluxos claros para triagem, encaminhamento e registro de casos garante consistência no atendimento e facilita o diagnóstico precoce. 

Protocolos bem definidos auxiliam na diferenciação entre uma dor odontogênica simples e um caso mais complexo que envolve, por exemplo, manifestações psicossomáticas.

A tecnologia também pode ajudar. A utilização de um software de gestão, como o Clinicorp, que contenha o prontuário eletrônico e sistemas de agendamento inteligente, permite o registro detalhado das queixas e evoluções clínicas e o monitoramento da resposta ao tratamento. 

Esses recursos facilitam a reavaliação constante e ajudam a identificar padrões clínicos em pacientes com queixas recorrentes de dor. Com essas informações organizadas, é possível oferecer um acompanhamento mais preciso e humanizado.

Outro fator determinante é a atuação interdisciplinar. A gestão clínica odontológica deve promover a integração com profissionais de outras áreas da saúde, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos. 

Muitos casos de DTM, por exemplo, exigem abordagem conjunta para alcançar alívio da dor, reabilitação funcional e equilíbrio emocional. A articulação entre os diferentes especialistas deve fazer parte da rotina da clínica, com canais de comunicação bem definidos e planos de tratamento integrados.

Conclusão

Compreender e abordar a dor orofacial de forma eficaz exige do cirurgião-dentista uma escuta clínica qualificada, domínio técnico e uma visão ampliada sobre os fatores envolvidos nesse tipo de condição. 

Mais do que tratar a dor em si, é essencial reconhecer o impacto que ela exerce sobre a rotina, o bem-estar e a saúde emocional do paciente, integrando conhecimento científico com empatia no cuidado.

A atuação do dentista ganha ainda mais relevância quando associada a uma gestão clínica bem estruturada, capaz de oferecer suporte à equipe, sistematizar atendimentos e promover uma experiência acolhedora e resolutiva para quem busca alívio e orientação. 

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Foto de Olivia Gravina

Olivia Gravina

Formada em Jornalismo e com cursos na área de marketing, atua desde 2014 com produção de conteúdo online e offline. Já colaborou para assessoria de imprensa em órgão público, trabalhou em agências e empresas de tecnologia, sempre focada em produzir conteúdos que gerem atração, informação, valor e impactos positivos.

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