Síndrome de Eagle: como identificar e conduzir casos na rotina clínica odontológica

Olivia Gravina
agosto 5, 2025
Tempo de leitura: 12 minutos.
Atendimento ao Paciente
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Síndrome de Eagle: imagem ilustrada de um dentista olhando um exame de imagem de um paciente para identificar a causa da dor orofacial.
A Síndrome de Eagle se manifesta, na maioria dos casos, por um quadro de dor orofaríngea persistente.

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Síntese do artigo:

Esse artigo apresenta a Síndrome de Eagle, uma condição causada pelo alongamento do processo estiloide ou pela calcificação do ligamento estilo-hióideo, causando dores intensas que se espalham para a região da mandíbula, ouvido ou região cervical.

O transtorno pode ser facilmente confundido com outras patologias, como distúrbios temporomandibulares (DTMs), neuralgias ou mesmo complicações odontológicas, o que dificulta o tratamento.

Por isso, o exame deve ser minucioso para identificar a real causa da dor e acompanhar o paciente ao tratamento adequado. 

Confira os detalhes no artigo abaixo.

A Síndrome de Eagle é uma condição anatômica que pode gerar sintomas clínicos relevantes e persistentes, como dor orofaríngea, otalgia, disfagia e sensação de corpo estranho na garganta. 

Caracterizada pelo alongamento do processo estiloide ou pela calcificação do ligamento estilo-hióideo, essa alteração pode passar despercebida ou ser confundida com disfunções comuns, como DTM, neuralgias ou até faringites recorrentes.

Para o cirurgião-dentista, estar atento a essa possibilidade diagnóstica é importante para oferecer um atendimento preciso e evitar abordagens terapêuticas equivocadas e que prolongam o desconforto do paciente. 

Neste artigo, você vai entender o que é a Síndrome de Eagle, quais são seus principais sinais e sintomas, como diferenciá-la de outras condições orofaciais, e conhecer os métodos de diagnóstico, condutas clínicas e os cuidados necessários no planejamento de tratamentos odontológicos.

Boa leitura!

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O que é a Síndrome de Eagle e por que ela deve estar no radar do cirurgião-dentista

A Síndrome de Eagle é uma condição caracterizada pelo alongamento do processo estiloide do osso temporal ou pela calcificação do ligamento estilo-hióideo, o que pode levar a uma série de sintomas cervicofaciais muitas vezes confundidos com outras disfunções orofaciais. 

Embora seja considerada rara, essa síndrome é relevante na prática clínica odontológica. Por apresentar sinais e sintomas que se assemelham a distúrbios temporomandibulares (DTMs), neuralgias ou mesmo complicações odontológicas, ela pode passar despercebida ou ser equivocadamente tratada, prolongando o desconforto do paciente.

Do ponto de vista fisiopatológico, a dor característica da Síndrome de Eagle está relacionada à compressão de estruturas vasculonervosas próximas ao processo estiloide ou ao ligamento calcificado. 

Estima-se que a prevalência seja baixa na população geral, mas a subnotificação e o subdiagnóstico são frequentes, em grande parte devido à falta de familiaridade dos profissionais com essa questão clínica. 

Como muitos dos sintomas estão associados a queixas rotineiras em consultórios odontológicos, como dor orofacial, sensação de corpo estranho na garganta, odinofagia e cefaleia, é essencial que o dentista saiba reconhecer os padrões clínicos compatíveis com a síndrome.

As causas da Síndrome de Eagle ainda não são totalmente compreendidas, mas há correlação com eventos como cirurgias prévias na região cervical (especialmente amigdalectomias), traumas locais e até predisposições anatômicas individuais. 

Em alguns pacientes, o processo estiloide alongado é identificado incidentalmente em exames de imagem, enquanto em outros, a dor intensa e persistente é o primeiro sinal de alerta.

Quais os principais sintomas e como diferenciar de outras disfunções orofaciais

A Síndrome de Eagle se manifesta, na maioria dos casos, por um quadro de dor orofaríngea persistente, frequentemente irradiando para a mandíbula, ouvido ou região cervical. 

O paciente também pode relatar otalgia sem causa otológica aparente, dificuldade para engolir (disfagia) e uma incômoda sensação de corpo estranho na garganta, como se houvesse algo “entalado” próximo à amígdala ou à base da língua. 

Esses sintomas tendem a se intensificar com movimentos da cabeça, fala prolongada ou deglutição, o que interfere diretamente na qualidade de vida e no bem-estar do paciente.

O desafio clínico está no fato de que esses sinais são facilmente confundidos com outras condições comuns à rotina odontológica, como os distúrbios temporomandibulares (DTMs), neuralgia do trigêmeo e até faringites crônicas. 

A dor irradiada para a região pré-auricular ou o comprometimento da musculatura mastigatória pode sugerir inicialmente uma disfunção de ATM, levando a abordagens terapêuticas inadequadas. 

Da mesma forma, a natureza aguda da dor em pontadas pode remeter a um diagnóstico equivocado de neuralgia, enquanto a sensação de corpo estranho e desconforto faríngeo pode ser atribuída a quadros infecciosos ou inflamatórios recorrentes.

Durante o atendimento com o cirurgião-dentista, a chave está em uma anamnese minuciosa e em um exame clínico direcionado. É essencial investigar o histórico de cirurgias cervicais, traumas antigos ou qualquer alteração anatômica já identificada em exames de imagem. 

A palpação intraoral da região tonsilar e a compressão do processo estiloide podem reproduzir a dor referida, sendo um achado sugestivo da síndrome. 

Nesses casos, registrar adequadamente o histórico do paciente e realizar o encaminhamento para exames radiográficos específicos, como a panorâmica ou tomografia computadorizada, pode confirmar o diagnóstico e evitar intervenções desnecessárias. 

Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Eagle na odontologia

O diagnóstico da Síndrome de Eagle na prática odontológica começa com a suspeita clínica baseada em sinais e sintomas compatíveis, especialmente quando o paciente relata dor orofaríngea unilateral, otalgia, disfagia e sensação de corpo estranho na garganta sem causas odontológicas ou otorrinolaringológicas evidentes. 

A anamnese detalhada deve levantar possíveis antecedentes de cirurgias cervicais, amigdalectomias ou traumas na região do pescoço. A dor evocada durante a palpação digital da região tonsilar, ou mesmo ao se aplicar pressão ao longo da mandíbula em direção ao processo estiloide, pode reforçar a hipótese diagnóstica.

A confirmação diagnóstica exige suporte por exames de imagem, sendo a radiografia panorâmica o primeiro recurso acessível em consultórios odontológicos. Essa técnica pode revelar o alongamento do processo estiloide ou calcificações sugestivas do ligamento estilo-hióideo. 

No entanto, a tomografia computadorizada, especialmente com reconstrução tridimensional, oferece uma visualização mais precisa da anatomia envolvida, permitindo avaliar o grau de elongamento e sua relação com estruturas adjacentes. Exames complementares, como a tomografia cone beam, também podem ser úteis, dependendo da disponibilidade clínica e da suspeita envolvida.

Condutas, encaminhamentos e implicações para o planejamento clínico

O manejo da Síndrome de Eagle pode seguir diferentes condutas, a depender da intensidade dos sintomas e do impacto funcional relatado pelo paciente. 

Em muitos casos, é possível adotar uma abordagem conservadora, com o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) para controle da dor, fisioterapia focada na liberação miofascial e, em alguns casos, infiltrações locais com corticosteroides ou anestésicos para alívio sintomático. 

Essa conduta pode ser eficaz em quadros leves ou em pacientes com contraindicação para procedimentos cirúrgicos, sendo importante monitorar a resposta ao longo do tempo.

Quando há falha nas abordagens não invasivas ou quando os sintomas são intensos e recorrentes, a intervenção cirúrgica passa a ser indicada. A estiloidectomia (remoção parcial ou total do processo estiloide alongado) pode ser realizada por via intraoral ou extraoral, dependendo da preferência do cirurgião e das características anatômicas do caso. 

Esse procedimento visa eliminar a compressão sobre estruturas nervosas e vasculares, promovendo alívio duradouro dos sintomas. O encaminhamento a um cirurgião de cabeça e pescoço experiente é essencial para o adequado planejamento cirúrgico e manejo das possíveis complicações.

Para o cirurgião-dentista, reconhecer a Síndrome de Eagle tem implicações diretas no planejamento clínico. Sintomas mal interpretados podem levar a indicações inadequadas, como tratamentos ortodônticos em pacientes com dor referida ou até mesmo cirurgias odontológicas desnecessárias. 

Além disso, a ausência de resposta a tratamentos convencionais pode gerar frustração tanto para o profissional quanto para o paciente. Por isso, incluir essa condição no diagnóstico diferencial de dores cervicofaciais é uma medida estratégica para evitar condutas equivocadas, garantir um plano de tratamento mais assertivo e contribuir para um cuidado eficiente.

Conclusão

A Síndrome de Eagle, embora rara, representa um desafio diagnóstico que pode impactar significativamente a qualidade de vida do paciente quando não reconhecida. Por provocar sintomas que se sobrepõem a diversas queixas comuns, ela exige do cirurgião-dentista uma postura investigativa e criteriosa, desde a anamnese até a indicação de exames complementares. Identificar os sinais precocemente é fundamental para evitar terapias ineficazes.

Ao considerar essa síndrome no diagnóstico diferencial, o dentista amplia sua capacidade de atuação clínica e contribui para um tratamento mais direcionado. 

O reconhecimento dos padrões clínicos, a solicitação de exames adequados e o encaminhamento ao especialista quando necessário são etapas que garantem uma conduta segura, resolutiva e integrada. 

O que aprendemos neste artigo?

Aqui, você vai ver, de forma resumida, os principais pontos abordados no artigo, recapitular as principais questões relacionadas à Síndrome de Eagle e como agir para oferecer um tratamento mais eficaz aos pacientes.

Quais os principais sinais que indicam a presença da Síndrome de Eagle?


Dor orofaríngea persistente, irradiando para a mandíbula, ouvido ou região cervical. O paciente também pode relatar otalgia sem causa otológica aparente, dificuldade para engolir e uma incômoda sensação de corpo estranho na garganta.

Como o dentista pode identificar a Síndrome de Eagle no consultório?


A confirmação diagnóstica exige suporte por exames de imagem, sendo a radiografia panorâmica o primeiro recurso acessível em consultórios odontológicos.

A Síndrome de Eagle pode ser confundida com DTM?


Sim. Os sinais são facilmente confundidos com outras condições comuns à rotina odontológica, como os distúrbios temporomandibulares (DTMs).

Qual especialista trata a Síndrome de Eagle?


O cirurgião-dentista identifica os sinais precoces e encaminha o paciente ao especialista, que pode ser um cirurgião de cabeça e pescoço.

Foto de Olivia Gravina

Olivia Gravina

Formada em Jornalismo e com cursos na área de marketing, atua desde 2014 com produção de conteúdo online e offline. Já colaborou para assessoria de imprensa em órgão público, trabalhou em agências e empresas de tecnologia, sempre focada em produzir conteúdos que gerem atração, informação, valor e impactos positivos.

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